Filme: R.I.P.D. Agentes do Além
Há 15 anos, uma dupla de detetives com armas mirabolantes e óculos de sol em plena noite circulava pelos becos de Nova York para defender a raça humana de uma revolta extraterrestre. Se você viu Mib - Homens De Preto nos anos 90, provavelmente não vai se surpreender muito com R.i.p.d. - Agentes Do Além, que troca ETs por almas penadas. Com Jeff Bridges divertido e Ryan Reynolds apagado, o longa de Robert Schwentke esbarra na trave da ação mas acerta alguns pontos no tom da comédia.
Com 96 minutos de duração (em muitos momentos parece o dobro), R.I.P.D. acompanha o além-vida de Nick Walker, um detetive recém-falecido que é resgatado durante sua passagem para o "outro lado" para servir no Departamento do Descanse em Paz, força policial responsável por manter o equilíbrio entre o mundo real e a falange rebelde das almas penadas. Determinado a se vingar do homem que o matou, Nick encontrará ao lado de seu novo parceiro, o xerife Roy Pulsipher, motivos suficientes para lutar pelos seres humanos.
R.I.P.D. conta uma história divertida. Mas a adaptação da HQ homônima não privilegia nem a condução da trama, que traz mais energia e diversão nas cenas distantes do clímax, nem a construção dos personagens, que discutem sua nova função na terra sem grande profundidade, o que dá a ideia de heróis rasos e sem todo o passado que se espera.
O veterano Roy Pulsipher de Jeff Bridges convence, mas com algumas ressalvas. Deslocado no tempo, o xerife tem aquele ar de justiceiro indefensável com direito a andar pesado, sotaque caipira e nenhuma modéstia quanto a sua pontaria. "Eu inventei isto", afirma em um duelo de pistolas. Engraçado, mas nada muito inovador, já que por dois anos consecutivos Bridges faturou e foi indicado (respectivamente) ao Oscar de Melhor Ator por Coração Louco e Bravura Indômita (2010), exatamente com essa figura de xerife caipira e badboy.
Quanto ao desempenho de Ryan Reynolds, a cara de ingênuo do ator não contribui para o cargo de juventude/energia da polícia. Se dependesse da intensidade de sua atuação para promover boas cenas de ação, o longa seria praticamente uma canção de ninar. À medida que o filme e, consequentemente, a experiência do detetive Nick evolui, as cenas de ação passam a ficar ainda mais chatas. Se o roteiro jogasse mais com a ingenuidade do personagem, R.I.P.D. teria cenas de perseguição e combate mais cômicas e emocionantes.
Considerando que o diretor Robert Schwentke lucrou mais de US$ 40 milhões com a também comédia de ação Red - Aposentados E Perigosos, não seria pedir demais que boas risadas e altas perseguições fossem ouvidas nas salas de cinema. Do tamanho de sua pretensão, que parece pequena, R.I.P.D. provoca mais risadas no início do que no fim. A exibição em 3D, que costuma ser um diferencial, agrega emoção mas não torna o filme incrível.
Por Andy Rodrigo
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